quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Revolução dos Bichos, de George Orwell

A literatura sempre esteve alinhada com a realidade; em momentos de agitação no mundo, a literatura encontra terreno fértil para produzir. Revolução dos bichos, de George Orwell, é um exemplo dessas produções.

O livro, lançado em 1945, é uma fábula caricatural da Revolução Russa. De forma simples e objetiva, o autor transfere para uma fazenda no interior da Inglaterra os processos de formação da União Soviética.

Marx transforma-se no porco Major, Stalin e Trótski viram os leitões Napoleão e Bola-de-Neve. Após tomarem a fazenda dos humanos, os animais organizam-se para assumir o controle da fazenda e mantê-la funcionando. A fazenda é rebatizada como “Granja dos Bichos” e, na divisão de trabalhos, os porcos (os membros do partido comunista) ficam à frente das decisões.

No início, a qualidade de vida na fazenda melhora. Mas, com o tempo, os porcos passam a querer privilégios. Tais privilégios resultam no acúmulo de trabalho entre os outros animais. Perante algumas mudanças, Bola-de-Neve questiona Napoleão sobre suas interpretações das teorias do Major e acaba expulso da fazenda, dando início a uma fase mais repressiva da administração animal.

Somente a produção de subsistência não garantia o conforto dos porcos, logo o comércio com os humanos torna-se necessário. A produção de um moinho para grãos vira parte fundamental do projeto econômico do governo dos bichos, despendendo fundos e apertando os cintos dos animais trabalhadores. As relações com os humanos ficam mais estreitas e, em uma visita do advogado da fazenda, os bichos preenchem as cuias de comida com raspas de madeira e palhas secas para causarem boa impressão. Aliás, essas táticas de disfarçar a realidade faziam parte do repertório de propagandas políticas do regime socialista, como por exemplo os desfiles com armas de papelão, para exibir ao mundo o “poderio” soviético.
Por fim, o modelo econômico dos bichos iguala-se ao modelo antigo, e os porcos aos humanos. Uma boa obra sobre o poder e suas formas de corromper.

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